Perdas em hortifrutis e miséria - um paradoxo que atinge países ricos e pobres

Enquanto a miséria evidenciada pela fome e subnutrição atinge 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), um percentual que ultrapassa, muitas vezes, a 50% está sendo perdido na produção de frutas e hortaliças entre o campo e a indústria. Nos países desenvolvidos, a perda pode chegar a 32% e, em países em desenvolvimento, o percentual pode variar de 7 a 70%. A revelação é do pesquisador americano Steven Sargent, da Universidade da Flórida, Estados Unidos.

Os motivos para um índice de perdas tão alto se devem, de acordo com ele, a vários fatores, a começar pela falta de conscientização no campo e alguns cuidados básicos que o produtor deveria tomar. Um deles, apontado por Sargent, é a exposição de caixas de frutas e hortaliças ao sol por longo período de tempo. “Com isso, o produto já começa a perder antes mesmo de chegar ao ponto de venda”, constata. A recomendação do pesquisasdor é que essas caixas sejam armazenadas em locais na sombra para manter a qualidade dos produtos. Outra orientação de Sargent é com a quantidade dos hortifrutis em cada caixa. Para ele, os produtos não deve ser colocados em excesso, para que não pesem uns sobre os outros e fiquem amassados.

Em São Carlos, Sargent realizou palestra na manhã de quarta-feira (15) na Embrapa Instrumentação, onde nos últimos anos um grupo de pesquisa foi estruturado na área de instrumentação pós-colheita de frutas e hortaliças, com a proposta de estudar a melhoria deste processo. Para isso, tem desenvolvido pesquisas na mensuração de danos físicos e qualidade na cadeia produtiva. Um dos pesquisadores da área, o doutor em fitotecnia pela USP Marcos David Ferreira, realizou o mestrado em fisiologia da pós-colheita sob a orientação de Sargent, na Universidade da Flórida, instituição com um dos principais grupos de estudo no setor. O pesquisador americano apresentou as linhas de pesquisas atuais na biologia e tecnologia pós-colheita de frutas e hortaliças em desenvolvimento na Universidade da Flórida

Sargent é doutor em Engenharia Agrícola pela Michigan State University, mestre e graduado em Horticultura pela mesma Universidade e trabalha neste grupo como professor e especialista em extensão na pós-colheita. Suas linhas de pesquisa incluem métodos para reduzir perdas pós-colheita em hortaliças e frutas durante manuseio e armazenamento; monitoramento dos parâmetros de qualidade físicos, sensoriais e nutricional; avaliar efeitos de novas e tradicionais tecnologias (colheita mecanizada, resfriamento, atmosfera modificada e controlada, inibidores e antagônicos de etileno) na qualidade pós-colheita e na contaminação alimentar.

O pesquisador trabalha em parceria com diversas organizações e institutos agrícolas nos Estados Unidos e Brasil. Em 1993, permaneceu na Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) como pesquisador visitante, tendo orientado alunos no mestrado e doutorado e na supervisão de pós-doutorado de diversos pesquisadores brasileiros, muito deles da Embrapa. Em função, principalmente, desta parceria, a Embrapa possui um acordo de cooperação com a Universidade da Flórida, sendo uma das atividades a realização periódica de uma excursão pós-colheita de frutas e hortaliças nos Estados Unidos, em parceria com a Embrapa Hortaliças (DF).

Curso Pós-Colheita

Já está programado para o período de 19 a 23 de agosto, a III edição do Curso de Tecnologia Pós-Colheita em Frutas e Hortaliças, a ser realizado na Embrapa Instrumentação. O objetivo principal do curso é justamente levar informações atuais e novas tecnologias para produtores, técnicos, extensionistas, atacadistas, pesquisadores, professores e estudantes ligados a pós-colheita de frutas e hortaliças. A ideia é criar um fórum de discussão especializado, com troca de informações, contribuindo para melhoria do segmento e aumento na competividade do setor.

As inscrições já estão abertas. Os interessados devem acessar o endereço:

poscolheita.cnpdia.embrapa.br ou entrar em contato, pelo e-mail: cnpdia.secretariapd@embrapa.br. As vagas são limitadas.


Criado por Rodrigo Lima