Louis Sahaanunciou a transferência para a Lazio em fevereiro. O atacante francês de 34 anos participou de poucas partidas desde então e ainda está se adaptando à vida na Itália, mas encara o desafio com tranquilidade.

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Louis Saha: "Ferguson é especial"

Após 14 anos passados na Inglaterra, muita gente se surpreendeu quando Louis Sahaanunciou a transferência para a Lazio em fevereiro. O atacante francês de 34 anos participou de poucas partidas desde então e ainda está se adaptando à vida na Itália, mas encara o desafio com tranquilidade.

FIFA.com fez uma longa entrevista com o ex-jogador da seleção francesa e de clubes como Manchester United, Newcastle e Everton sobre assuntos variados, de Ryan Giggs ao racismo no esporte. Na primeira parte desse bate-papo exclusivo, Saha fala sobre a ida para a Itália, as lembranças do futebol inglês e o segredo do sucesso de Sir Alex Ferguson, cuja aposentadoria foi anunciada na última semana. A segunda parte será publicada amanhã.

FIFA.com: Como está se adaptando à vida na Lazio?
Louis Saha
Demorou para atingir uma certa condição física porque o ritmo mudou. A maneira de treinar é um pouco diferente, então levou tempo para eu me adaptar. Mas já de cara o espírito do time foi bom e todos os jogadores fizeram com que eu me sentisse integrado. Sempre é melhor quando estamos marcando gols e jogando, mas continuo feliz e satisfeito, então está tudo bem.

Diria que o seu papel dentro de campo mudou?
A gente sempre quer jogar todas as partidas da temporada o tempo todo, mas as coisas mudaram um pouco. O futebol mudou bastante, então precisamos nos adaptar e dividir um pouco mais com os outros atacantes. O meu papel em campo continua o mesmo: quero jogar e fazer gols, mas quando ficamos mais velhos, fica um pouquinho mais difícil.

Na sua opinião, qual é a principal diferença entre o Campeonato Italiano e o Campeonato Inglês?
Sempre guardei em mente que na Itália seria mais difícil para mim como atacante. Estava acostumado com o futebol inglês, que é mais aberto e dá mais liberdade de posicionamento para todos os jogadores. Aqui é um pouco mais tático e organizado. Não é o catenaccio que costumava ser antigamente, mas ainda é bastante defensivo, o que significa que o atacante está sempre diante de dois ou três defensores. Na Inglaterra o centroavante pode conseguir algumas oportunidades no mano a mano, com mais chances de fazer gols. O futebol italiano mudou e tecnicamente é muito impressionante e apurado, com vários jogadores de baixa estatura e habilidade técnica.

O que achou do clima do clássico entre Lazio e Roma?
Foi sensacional. Comparo com os jogos na Inglaterra – claro que é um pouco diferente, mas o clima é especial porque é um grande dérbi. Tive a chance de ver alguns clássicos ingleses, como Arsenal x Tottenham, Manchester United x City ou Everton x Liverpool. O clima é o mesmo.

Em qual clube da Inglaterra você considera que foi mais feliz?
Fui feliz em todos os clubes em que tive a oportunidade de jogar. Como jogador do Manchester United esperam que você conquiste títulos, então aquela foi uma época especial para mim. Mas, como expliquei, gostei muito de ter jogado no Everton e no Fulham porque participava da maioria dos jogos. Tive breves passagens por Newcastle, Sunderland e Tottenham, mas é complicado considerá-las como melhores porque não joguei muito nesses times. Mas todas as experiências foram sensacionais porque estou aqui para curtir o meu futebol e tentar aprender com elas.

Você jogou como dono da casa em alguns dos principais estádios da Inglaterra, como St James’ Park (Newcastle), Old Trafford (Manchester United) e Goodison Park (Everton). Em qual deles mais sentiu a energia da torcida?
Seria fácil responder Old Trafford, mas onde senti o espírito do "camisa 12" foi no Everton. Com certeza tem algo especial no Goodison Park, porque a torcida apoia sempre e é muito exigente ao mesmo tempo. Senti isso lá. O Everton tem torcedores muito especiais, e eu diria que eles são o 12º homem. Com esse espírito, a gente tem a sensação que qualquer time que for ao Goodison Park sentirá a pressão. Lá o Everton joga e se defende como uma verdadeira unidade. O Goodison só perderia para o Old Trafford pelos números.

Você jogou quatro anos no Manchester United sob o comando de Sir Alex Ferguson, que está se aposentando após ter comemorado recentemente o 20º Campeonato Inglês da história do clube. Que lições aprendeu com ele?
A primeira lição foi a constância. Ele é um treinador muito exigente, mas busca compreender as nossas qualidades e trabalhar em cima delas. Alguns técnicos tentam trabalhar os erros, mas ele procura enfatizar a qualidade de cada atleta. Ele faz o time jogar de uma forma que ressalte a qualidade de cada um. Isso é muito especial para um treinador, porque a gente pode imaginar que ele está tentando corrigir os erros, mas ele está tentando fazer com que a gente continue fazendo as coisas nas quais é bom. Isso foi algo que aprendi com ele: constância.

O que você faz, seja marcar gols ou o que for, precisa fazer toda semana. Quando você vence um título, o mais difícil é vencê-lo no ano seguinte, e claro que ele tem isso dentro de si. Todos os jogadores comentaram no início da temporada que nunca o viram como ele foi este ano. Ele foi bastante exigente com os atletas, bastante severo, tentando melhorá-los. Ele está mais velho, mas ainda age como um técnico jovem cheio de paixão. Isso é algo especial.

Ryan Giggs foi um dos maiores craques com quem você já jogou?
Sim, sem dúvida o maior. Muitos jogadores querem jogar com ele e, se jogarem, saberão que estão jogando no nível mais alto possível. O Giggs é um exemplo máximo para qualquer profissional, não só para os jovens, porque ele tem aquele desejo e respeito pela tradição do clube com a sua ética de trabalho. É um privilégio ter a chance de trabalhar com alguém como ele.

Por Fifa.com


Créditos: Getty Images


Criado por Rodrigo Lima