Na última terça-feira (4) o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Região, Erick Pereira da Silva, usou a tribuna livre da Câmara Municipal de São Carlos para fazer um denuncia para a sociedade contra a empresa Incaflex Indústria e Comércio que há duas semanas demitiu um de seus funcionários membro da sua Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). Antes a Casa já havia aprovado uma moção de repudio de autoria do vereador Ronaldo Lopes (PT) sobre o mesmo assunto.

Segundo o presidente sindical ele já teria usado a tribuna da Casa por diversas vezes e por vários motivos diferentes, porém nunca imaginou que a usaria para relatar um assunto que já deveria estar superado nos dias atuais. “Eu acredito que nunca nós viemos aqui em nome do sindicato para falar de um assunto que devia já estar enterrado, há pelo menos dois séculos. Em pleno ano de 2.013 ainda vemos uma postura como a dessa empresa que trata o trabalhador como escravo, como ele se fosse um de seus patrimônios, como se tivesse uma etiquetinha identificando o trabalhador como uma cadeira, uma maquina de escrever, um computador, uma mesa, ou qualquer coisa desse tipo. Isso indigna todos os trabalhadores e aos membros dessa Casa, não só os metalúrgicos eu tenho certeza”, comentou.

Silva contou que o funcionário, do qual ele preservou o nome, teria sido demitido por participar de algumas reuniões para discussão da melhoria do prêmio de Participação dos Lucros e Resultados (PLR) da empresa para seus trabalhadores. Isso seria uma forma da empresa censurar qualquer manifestação futura de trabalhadores. “Há duas semanas a Incaflex demitiu de forma premeditada e com o claro objetivo de perseguir e oprimir qualquer manifestação dos trabalhadores no sentido de reivindicação, de construção de novos acordos, de PLR, de campanha salarial, ou qualquer outra reivindicação que seja de saúde ou segurança do trabalhador. Tão importante que é o debate de saúde e segurança do trabalhador”, disse.

O sindicalista também lembrou que todos os trabalhares membros da CIPA gozam de estabilidade trabalhista segundo a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), para participar de reunião que visam às melhorias nas condições de trabalho dos empregados de uma empresa. “A Incaflex demitiu um trabalhador que gozava e goza de estabilidade, eu tenho certeza que todos aqui conhecem o tema, ele era um cipeiro eleito pelos trabalhadores da empresa. Nenhum cipeiro pode ser demitido, mas a empresa o demitiu, nobres vereadores”, explicou o presidente para os vereadores contando o motivo pelo qual o trabalhador havia sido demitido. “Simplesmente pelo fato dele ter reivindicado ou ter participado com a comissão de PLR e buscado um prêmio pela Participação dos Lucros da empresa melhor do que estava estabelecido. Por simplesmente dizer que queria um prêmio maior, por representar os trabalhadores cumprindo o papel para o qual ele foi eleito”.

Silva terminou pedindo o auxilio de toda a população que o estava assistindo naquele momento, pois situações como essa não poderiam estar acontecendo nos dias de hoje e contou a resolução dada pela Justiça do Trabalho, favorável ao trabalhador de um caso semelhante ocorrido na empresa Casale Equipamentos. “Temos outra empresa no ano passado que teve uma postura semelhante, foi a Casale, e que a justiça acabou ontem segunda-feira (3) decidindo e favor desse trabalhador ou em favor da democracia do direito”, finalizou.