1. - Para início de conversa, é preciso constatar um fato: o Brasil é um país paradoxal. Vide o caso da Sabesp, em que uma gestão irresponsável levou a que milhões de cidadãos paulistas estejam vivendo o terrível drama da falta de água de uma forma nunca vista em toda a história.
Não foi por falta de alertas de especialistas da área, que há anos diagnosticaram que iria ocorrer exatamente o que está ocorrendo se as devidas providências não fossem tomadas. Mas, a prioridade do PSDB nunca foi o interesse da população, mas sim o dos acionistas da Sabesp: cerca de R$ 4 bilhões foram distribuídos aos mesmos. Já os investimentos em obras, que evitariam o drama atual, foram relegados ao 15º plano. Qual o paradoxo? Simples: a mídia, até hoje, dedicou ao tema apenas 1% do tempo que tem dedicado ao “Petrolão” - assim mesmo, superficialmente. Afinal, são os tucanos que estão no poder há 20 anos em São Paulo. E eles são intocáveis!
2. - Essa seletividade vergonhosa da mídia faz parte da guerra da (des)informação, como instrumento de luta pelo poder. Luis Nassif conta que, semana passada, Sílvia Faria (diretora da Central Globo de Jornalismo) comunicou, via email, o seguinte a todos os chefes de núcleo da Globo: “Assunto: Tirar trecho que menciona FHC nos VTs sobre Lava a Jato. (...) revisem os vts com atenção! Não vamos deixar ir ao ar nenhum (sic!) com citação ao Fernando Henrique”.
A questão era esconder debaixo do tapete a declaração de Pedro Barusco na Operação Lava-Jato, no sentido de que ele vinha recebendo propinas do cartel de empresas que realizavam obras para a Petrobras desde os tempos de FHC.
3. - Os barões da mídia - e, portanto, as elites dominantes - não têm o menor interesse em esclarecer o problema da corrupção nos bastidores da Petrobras. Afinal, eles sempre souberam que esse é um vício que afeta absolutamente todos os partidos políticos que já passaram pelo governo federal, porque trata-se de um cancro do modelo político-eleitoral brasileiro.
Como lembra Nassif, a gestão Joel Rennó à frente da Petrobras (em tempos tucanos) foi “das mais controvertidas da história da empresa”. Paulo Francis denunciou! Em troca, recebeu um processo de US$ 100 milhões na cabeça. Na sequência, teve um infarto fulminante e morreu. Neste caso, o mutismo de peixe da mídia - como diria Monteiro Lobato - foi ensurdecedor.
4. - Como diz a FUP (Federação Ùnica dos Petroleiros). “a ação institucional contra a corrupção tem firme apoio da sociedade, na expectativa de esclarecimento cabal dos fatos e rigorosa punição dos culpados”. É verdade! Mas é temerário subestimar a campanha violenta que a mídia e a direita brasileira vêm construindo para desmoralizar a Petrobras. Essa campanha já prejudicou a empresa numa escala incomensuravelmente maior que os desvios provocados pela corrupção.
5. - Já assistimos a esse filme recentemente (Ação Penal 470): um “prejulgamento midiático que dispensa a prova, que suprime o contraditório, tortura a jurisprudência e busca constranger os tribunais” - diz o manifesto da FUP. Ou seja, para os canalhas basta o “domínio dos fatos”!
6. - Em setembro passado a Petrobras tornou-se a maior produtora mundial de petróleo, superando até a ExxonMobil (Esso). A mídia brasileira sequer deu destaque a essa notícia. Simples assim. Por isso, defender verdadeiramente a Petrobras é defender o Brasil. É o que temos de fazer.
7. - Os golpistas não passarão!
Emerson Leal : ex-vice-prefeito de S. Carlos por dois mandatos.
Email: depl@df.ufscar.br
FEV/2015.
21/Outubro/2023
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