Então vamos lá. O peemedebista Michel Temer, vice-presidente da República e novo coordenador político do governo, compareceu neste domingo ao velório de Paulo Brossard (é claro que ainda escreverei a respeito), no Rio Grande do Sul. E falou sobre os protestos. Em vez de hostilizar os manifestantes, como é prática no petismo, fez o contrário, informa a Folha:
“Nós temos que estar muito atentos a essas manifestações. O governo está prestando atenção a essas manifestações. Elas revelam, em primeiro lugar, e vou dizer o óbvio, uma democracia poderosa. Em segundo lugar, o governo precisa verificar quais exatamente são as várias reivindicações e atender a essas reivindicações. E é isso que o governo está fazendo.”
Nem vou entrar no mérito se está fazendo ou não — acho que não, mas essa é outra questão. Estamos de tal sorte desacostumados a manifestações de massa contra o governo central que não nos escandalizamos quando partidos políticos, autoridades e jornalistas as tratam como se fossem pregação golpista.
Temer ainda fez uma boa associação entre Brossard e o protesto deste dia 12: “Ele representa aquilo que hoje está nas ruas. A democracia foi devolvida, em grande parte, pela atuação extraordinária do professor, do ministro Paulo Brossard, no PMDB, no MDB de antigamente.”
É isso. Um governante responsável, numa democracia, não demoniza o povo, quando este se manifesta, como tem sido o caso, nos limites estritos da democracia e do estado de direito.
Se Temer tivesse dito alguma porcaria, iria apanhar aqui. Como disse a coisa certa, então eu o elogio. É assim que funciona.
Ah, sim: ainda escreverei um texto comparando o comportamento da imprensa em três momentos: campanha das diretas, impeachment de Collor e protestos contra Dilma e o
21/Outubro/2023
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