As empresas estrangeiras mostraram forte presença, incluindo algumas gigantes do setor
O resultado da 15ª Rodada de Licitação de blocos para a exploração e produção de petróleo em bacias sedimentares brasileiras foi comemorado nessa quinta-feira pelo diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone.
O leilão dos blocos marítimos rendeu mais de R$ 8 bilhões em bônus de assinatura, maior valor entre todas as rodadas de licitação já promovidas nesse modelo de concessão, e teve 47% dos blocos arrematados. As empresas estrangeiras mostraram forte presença, incluindo algumas gigantes do setor.
Os 21 blocos terrestres ofertados, no entanto, não receberam propostas. Décio Oddone avaliou que a falta de ofertas foi influenciada pela política de desinvestimentos da Petrobras, que abriu oportunidades para que empresas do setor comprem unidades já em produção. O bom resultado foi obtido a despeito de o Tribunal de Contas da União (TCU) ter vetado a oferta de dois grandes blocos, os mais valiosos, que estavam avaliados em R$ 3,55 bilhões.
Oddone afirmou que a rodada foi espetacular pela diversidade geográfica dos blocos arrematados e pelo interesse do mercado na Bacia de Campos. Segundo ele, o resultado mostra o potencial que o Brasil tem para atrair investimento e para a geração de arrecadação e riqueza.
A fase em terra, no entanto, terminou sem ofertas na 15ª Rodada de Licitações de Blocos de Petróleo e Gás Natural. Na parte da tarde foram ofertados 21 blocos, sendo 8 na bacia do Parnaíba e 13 na bacia do Paraná. Foi a primeira vez que a ANP dividiu o leilão em duas partes. O destaque ficou na conta dos blocos na Bacia de Campos, responsável por R$ 7,5 bilhões do total arrecadado.
O diretor da Aneel disse que a principal notícia do dia é o ressurgimento da Bacia de Campos. A área ficou sem ser ofertas quando foi descoberto o pré-sal, voltou a figurar nos leilões no ano passado e ontem teve todos os blocos vendidos. “É uma notícia extraordinária para o Rio de Janeiro e um estímulo para que se resolva essa questão do Repetro, que essas potencialidades possam se concretizar em investimentos”, afirmou.
Autoridades que participaram do leilão pediram desculpas aos investidores e empresas inscritas pela retirada de dois blocos valiosos do leilão, determinada pelo TCU.
Décio Oddone foi o primeiro a discursar e disse que, apesar da frustração, a decisão não tira o brilhantismo do leilão. “Aproveito a oportunidade para me desculpar junto aos investidores, empresas e pessoas que trabalharam avaliando essas duas áreas e se programaram para hoje apresentar ofertas. Infelizmente, isso não vai poder acontecer”, disse Oddone.
O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix, avaliou que foi uma surpresa o bônus de assinatura de R$ 8 bilhões, arrecadado com os blocos marítimos. Felix destacou que a meta para o ano era arrecadar R$ 7 bilhões com os leilões, o que foi extrapolado apenas nesta etapa da rodada. “Extrapolou meu otimismo”, disse o secretário, que afirmou que a meta será revista.
Ele estimou que o Brasil pode arrecadar até R$ 12 bilhões se forem somadas as próximas rodadas e os dois blocos que foram excluídos do leilão de ontem pelo TCU. Na visão do ministro, a atratividade do leilão é resultado de mudanças promovidas pelo governo, como alterações na política de conteúdo local, no Regime Aduaneiro Especial de Exportação e Importação de Bens Destinados à Exploração e à Produção de Petróleo e Gás Natural (Repetro) e o estabelecimento de um calendário de leilões da ANP.
Ágio de Três dos oito blocos ofertados no setor SS-AUP 1, da Bacia de Santos, foram arrematados. No total, a arrecadação com as áreas atingiu R$ 346 milhões, ágio de 235% em relação ao valor inicial. Ao todo, o ágio chegou a 621,9%. As ofertas prevêem investimentos da ordem de R$ 83 milhões.
O Consórcio ExxonMobil e QPI Brasil arrematou o bloco S-M-536, por R$ 165 milhões, e o S-M-647, por R$ 165 milhões. Já o bloco S-M-764 foi comprado pelo consórcio Chevron/Wintershall/Repsol por R$ 131,9 milhões.
A Shell Brasil Petróleo, subsidiária da Royal Dutch Shell PLC, planeja investir entre US$ 5 e US$ 6 bilhões por ano até 2020 na exploração de petróleo em águas profundas no mundo, informou ontem a empresa, após participar da 15ª Rodada de Licitações de Petróleo e Gás Natural promovida pela ANP. A empresa arrematou quatro novos blocos de exploração em águas profundas nas bacias de Campos e Potiguar, elevando sua presença no país para 18 blocos. A Shell arrematou um bloco sozinha e três em conjunto com a Chevron Brasil, Petrobras e Petrogal Brasil. Dos blocos adquiridos hoje, a Shell vai operar duas áreas.
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21/Outubro/2023
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