Ao observar que a greve dos caminhoneiros monopolizou os pronunciamentos no plenário da Câmara Municipal na sessão da última terça-feira (29), o vereador Azuaite Martins de França (PPS) – foto – assinalou que foi uma das poucas vezes que a tribuna da Casa foi utilizada para discutir política na atual legislatura. E condenou a excessiva carga tributária no país, ressaltando que historicamente “os grandes movimentos sociais se dão na luta contra a alta dos impostos”.
Azuaite expressou seu “apoio e respeito aos caminhoneiros”, já naquele momento (a tarde da última terça-feira) dirigindo-lhes apelo para “agir de forma inteligente, saindo do processo de forma positiva, acumulando vitórias para novos embates em outros momentos”.
“A greve sensibilizou o Brasil, mexeu com toda a economia, teve a simpatia de toda a população brasileira e o momento é de acumular apoio, pois permanecer de forma renitente (na paralisação) significa perder o apoio da população”, declarou.
Em sua fala, o vereador ressaltou que a paralisação conseguiu abranger todo o país e abalar toda a economia e o governo: “Como fenômeno político, de reivindicação da classe trabalhadora é muito importante, e ela (a greve dos caminhoneiros) conseguiu botar nas cordas o frágil governo Temer, um governo sem propostas, e conseguiu desmascarar a estrutura fiscal deste país”.
Azuaite destacou que desde o nascimento dos movimentos operários no Brasil no início do século 20 se propugna greve geral como instrumento para enfrentar o governo e não se conseguiu durante a história toda uma verdadeira greve geral, nem agora. Ele mencionou, no entanto, a dificuldade de negociação de acordo com o governo, tendo por um lado uma organização sindical associativa ou parassindical e de outro, aqueles que, utilizando a comunicação rápida pela internet, não se submeteram a sindicatos e não concordaram.
Durante sua fala o parlamentar citou levantes contra a cobrança excessiva de impostos que motivaram grandes movimentos na Inglaterra, desembocando na primeira constituição do mundo moderno em 1215 e os protestos nos Estados Unidos em 1773 que estimularam o movimento pela independência norte-americana, para dar exemplo do alcance de levantes contra a alta tributação imposta aos cidadãos. Citou ainda a inconfidência mineira antepondo-se ao imposto sobre a mineração no Brasil e movimentos do mesmo teor em outras partes do mundo, como a França.
Ainda na tribuna, Azuaite citou levantamento acerca da elevada carga tributária atual no país, apontando dados de notas ficais de combustível em que de R$ 200 reais cobrados, R$ 50,00 se referiam a imposto estadual e R$ 26,90 de imposto federal. Outra nota de compra em supermercado no valor de R$ 309,80 a incidência de impostos chega a R$ 148,31. “Isso é Brasil e é contra isso que a gente tem que lutar”, disse.
“O eixo tem que ser esse e junto a ele a discussão do pacto federativo, os impostos cobrados da população partilhados entre união, estados e municípios”, frisou.
Em recente palestra que proferiu em Joinville, Santa Catarina, sobre o tema merenda escolar, Azuaite abordou essa questão ao mencionar a forma como se organiza a merenda escolar no Estado de São Paulo. Apontou como exemplo o caso da cidade de Colômbia, no norte do estado, às margens do rio Grande. No ano de 2010 a merenda escolar naquele município teve um custo de R$ 550 mil. O governo federal desembolsou R$ 120 mil, o governo estadual R$ 30 mil e o município de Colombia arcou com mais de R$ 400 mil. “Ora, se o imposto que se cobra não fica no município, como é que ele pode arcar com esse volume de impostos? Como é que o município pode sobreviver?” indagou, para em seguida finalizar sua fala afirmando que “quando a gente transporta isso para São Carlos, falta dinheiro para a saúde, falta dinheiro para a educação e enquanto se sacrifica a população do município, em outras esferas alguns fazem festa com o dinheiro alheio”.
21/Outubro/2023
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