Em pronunciamento na sessão da Câmara nesta terça-feira (29), o vereador Azuaite Martins de França voltou a fazer um alerta a autoridades municipais sobre o agravamento do problema da mendicância nas ruas da cidade, agravado pela presença de traficantes que se aproveitam da situação e de pessoas que “escravizam crianças tirando-as da escola para colocá-las na condição de pedintes”.
Azuaite ponderou que “o problema ainda é social, mas tende a se tornar um problema policial se não houver política pública em São Carlos para tratar dessa questão”.
“A responsabilidade é coletiva, é transversal em termos de administração municipal e tem que percorrer diversas secretarias, articuladas em diversas ações para dar dignidade às pessoas”, declarou. “Não é só tirar da rua, simplesmente, é dar dignidade às pessoas. Elas são iguais a qualquer um de nós, a diferença está na condição econômica em que elas vivem e que as joga a uma condição social que exige políticas mais sérias”.
O vereador também abordou a questão da escravização de crianças, observando que “se o trabalho é proibido ou se é permitido a partir de determinada idade e a escola é obrigatória, como é que se fecham os olhos para as crianças que estão nas esquinas da cidade?”.
“Onde está o MP? Onde está o conselho tutelar? Onde está o secretário da Cidadania e toda a sua equipe?” indagou.
Fez menção ao que chamou de “escravidão moderna”, a falta de sustentabilidade para determinadas políticas sociais como a da cidadania. “Escraviza-se alguém quando se aprisiona a pessoa numa cesta básica todo mês. Isso dá voto para candidato malandro. É preciso trabalhar para o emprego e para a renda”.
Azuaite lamentou que não existam ações da Secretaria Municipal da Cidadania e outras secretarias e órgãos de governo no sentido de articular uma política sustentável de cidadania de fato na cidade. Advertiu que essa ausência de política pública pode ser a responsável pelos saques no futuro.
A seu ver "não se pode jogar as coisas nas costas da Polícia, pois política pública é prevenção e a Polícia entra quando se esgotam as possibilidades desses órgãos”. “É preciso mitigar a fome, sim, mas como a gente vai dar segurança e dignidade para as pessoas?” perguntou.
Depois de dizer que os filósofos já na antiguidade indicavam que era preciso nos colocar no lugar das outras pessoas, observou que é necessário "enxergar aquilo que a gente não está enxergando". "Eu estou falando dos mendigos, pedintes, daqueles que tiveram que sair de seus países para vir para cá porque o Brasil é generoso, mas os problemas não param aí”.
O vereador também apontou o problema da gravidez precoce na cidade “que foi substituído pela prostituição precoce, mas quem enxerga a prostituição infantil e está cuidando desse assunto na cidade de São Carlos?”. Ele citou uma única instituição, a Nave Sal da Terra, que disse merecer maior apoio para seu trabalho que é complementar a políticas públicas.
“Uma Prefeitura existe para ter políticas públicas voltadas a resolver problemas de educação, saúde e promoção social e desenvolvimento”, assinalou, para acrescentar que a solução para problemas sociais enfrentados pela cidade “é de responsabilidade de todos, inclusive dos vereadores que cobram que a secretaria da Cidadania realize políticas consequentes”.
21/Outubro/2023
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