O Programa de Gerenciamento de Resíduos de Laboratório (PGRL) adotado pela Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP) já resultou no tratamento de quase 11 mil litros de resíduos químicos nos últimos sete anos. A gestão do material tem-se apresentado como uma alternativa viável para a redução de riscos, custos e desperdício, além de contribuir para a sensibilização ambiental dos usuários dos laboratórios do centro de pesquisa.
O programa faz parte do projeto de Gestão Ambiental Corporativa da Embrapa e teve início em 2003, com o objetivo de criar uma relação mais consciente entre a empresa e meio ambiente, mas só a partir de 2006 a Embrapa Instrumentação começou a contabilizador os resultados.
Antes da adoção do programa, os resíduos eram encaminhados para tratamento externo e destinação final, uma vez que não eram tratáveis ou não possuiam procedimentos para tratamento ou recuperação dos materiais na Unidade. Em abril deste ano, aproximadamente 1500 quilos de resíduos, acumulados desde 2007, foram retirados porque não puderam ser tratados na Embrapa Instrumentação. Além do custo elevado - de R$10 o quilo - para encaminhar o passivo a aterros industriais, incineração ou co-processamento, o armazenamento de resíduos aumenta o risco da ocorrência de acidentes. “Isso nos leva a estimular a menor geração de resíduos e a desenvolver novos protocolos de tratamento e recuperação para diminuir seu acúmulo”, afirma a coordenadora do PGRL, Joana Bresolin.
Para poder realizar o tratamento ou recuperar novos resíduos químicos em suas dependências, a Embrapa Instrumentação desenvolveu novos protocolos, sendo possível, então, o tratamento de 10.788,275 litros de material contabilizados desde 2006. “Com isso foi possível minimizar a toxicidade e o volume de resíduos antes de descartá-los no ambiente”, conta Joana. As práticas adotadas permitiram economia de recurso de aproximadamente R$ 25 mil com o tratamento de resíduos, uma vez que evitou-se a contratação de serviço de terceiros para realizar a destinação final, além de tornar possível a reutilização de 70% dos solventes orgânicos, proporcionando ainda mais economia, já que diminui a necessidade de compra de novos produtos químicos.
Consciente da importância do programa, a Embrapa Instrumentação construiu, em 2010, o Laboratório de Tratamento de Resíduos de Laboratório e um Depósito de Resíduos de Laboratórios que centraliza os resíduos não tratáveis ou que não possuem protocolos específicos de tratamento. Também foram adquiridos e instalados em vários laboratórios da Unidade, sistemas lavadores de gases – que filtram os vapores e fumos tóxicos liberados nas análises antes que atinjam a atmosfera – aumentando ainda mais a segurança ambiental na pesquisa.
A Embrapa Instrumentação ainda criou um sistema de reaproveitamento de água de resfriamento que é utilizada nos destiladores localizados no Laboratório de Preparação de Amostras. “Este sistema, em conjunto com os aeradores implantados nas torneiras dos banheiros, proporcionou uma economia inicial de 40% do volume total de água consumido”, informa a coordenadora do programa.
Em 2011, o programa iniciou um procedimento de avaliação da ecotoxicidade de resíduos antes e após o tratamento. O objetivo é verificar se o tratamento proposto de fato diminui a toxicidade do resíduo para a alga Pseudokirchneriella subcapitata - nativa dos corpos d´água da região. “Apesar de alguns resíduos já terem sua concentração máxima de descarte estabelecida em legislação, este procedimento visa complementar a avaliação dos nossos tratamentos e, dessa forma, permitir o descarte do resíduo com maior segurança”, assegura Joana.
O programa de gerenciamento de resíduos é uma atividade que envolve a comunidade interna da Embrapa Instrumentação, principalmente quem trabalha diretamente nos laboratórios. “Portanto, além de trabalhar na redução de riscos, custos e desperdício, o PGRL só funciona quando há conscientização ambiental e um engajamento destes usuários”, lembra Joana. Para que isso ocorra, bolsistas, estagiários e novos funcionários são treinados ao ingressarem na Empresa. Assim, eles podem levar aos seus futuros locais de trabalho os conceitos de respeito ambiental desenvolvidos e adquiridos na Unidade. “Acreditamos que dessa forma criamos uma relação mais consciente entre usuários de laboratórios, empresa e meio ambiente”, conclui a coordenadora do programa.
21/Outubro/2023
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