Buffon nem pensa em parar

Gianluigi Buffon é uma das figuras mais emblemáticas do futebol. Com excelente desempenho no gol, tornou-se o herdeiro natural de Dino Zoff, campeão do mundo aos 40 anos de idade, e há 15 anos é o titular absoluto da meta italiana.

Desde a sua primeira partida com a camisa da Itália, no dia 29 de outubro de 1997 — um empate em 1 a 1 na cidade de Moscou —, Buffon acumulou até aqui 126 jogos com a Azzurra. Campeão mundial em 2006, foi eleito melhor goleiro da competição e exerce o cargo de capitão desde a chegada do técnico Cesare Prandelli, em 2010.

Um gigante debaixo do gol e autoridade na pequena área, Super Gigi, como é carinhosamente chamado no seu país natal, não perdeu nem um pouco da qualidade ao chegar aos 35 anos e não pretende largar os gramados tão cedo. Ostentando uma carreira vitoriosa tanto pela Juventus quanto pelo selecionado italiano, o goleiro lidera o seu grupo nas eliminatórias europeias para o próximo Mundial e comanda a seleção que representará a Europa na Copa das Confederações da FIFA.

Alguns meses antes de disputar o torneio em solo brasileiro, o ídolo dos italianos conversou com oFIFA.com sobre os grandes momentos da sua carreira.

No início da sua carreira, aos 14 anos, você atuava como volante. É verdade que foram as defesas do goleiro camaronês Thomas N'Kono, no Mundial de 1990, que deram origem à sua vocação entre as traves?
É verdade. Foi o Thomas N'Kono, com aquelas defesas espetaculares, que me fez gostar da posição. Ele rapidamente se tornou o meu ídolo. Em homenagem a ele, dei ao meu filho o nome de Louis Thomas, e o N'Kono me telefonou para me parabenizar pelo nascimento do xará.

Dizem que um bom goleiro é como um bom vinho, que fica melhor com a idade. Para você, em que idade um goleiro atinge a maturidade?
Não sei. É claro que a marca de 30 anos é um momento crucial na vida de todas as pessoas. No esporte, é a mesma coisa. Depois que se passa dessa marca, você precisa fazer com que os jogos, mas também os treinamentos, funcionem em função da sua experiência. É necessário trabalhar muito mais para conseguir manter o mesmo nível.

O goleiro pode assumir plenamente a função de capitão mesmo estando longe das principais ações da partida?
Nunca vi o capitão como aquele que veste a braçadeira dentro das quatro linhas. O verdadeiro capitão é aquele que assume um papel importante para a equipe não só no gramado, mas também no vestiário, independentemente da posição no campo de jogo.

Com que defensor você teve ou ainda tem uma maior proximidade?
Sem dificuldade, posso citar cinco: Fabio Cannavaro, Lilian Thuram, Andrea Barzagli, Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini.

Uma defesa decisiva é tão importante quanto um gol?
Sinceramente, acho que sim. Um goleiro sabe que dificilmente é possível se redimir de um eventual erro. Trata-se de uma posição que exige uma concentração constante e que não permite nenhum relaxamento.

Qual foi a defesa mais importante que você fez até hoje?
É muito difícil destacar uma defesa em particular. Felizmente, já fiz várias delas. Mas acredito que a intervenção no cabeceio do Zinedine Zidane na final da Copa do Mundo da FIFA em 2006, na Alemanha, pode ser considerada a mais decisiva.

Na sua primeira temporada pela Juventus, em 2001/02, você sofreu apenas 23 gols em 34 partidas pela liga nacional. Aquela continua sendo a sua melhor marca?
Aquele foi certamente o meu melhor desempenho. Seria perfeito se conseguíssemos, nesta temporada, fazer melhor do que 11 anos atrás.

Em quase 800 jogos, entre eles 126 pela seleção, qual treinador foi mais marcante para você?
Não quero que a minha resposta pareça batida, mas creio que todos os técnicos foram determinantes para a minha evolução. No entanto, acredito que o Antonio Conte tenha sido realmente o melhor com quem já trabalhei. Em pouco tempo, ele conseguiu reerguer um grupo que durante duas temporadas não conseguiu nada além da sétima colocação e foi campeão logo de cara.

Qual atacante mais lhe causa ou causou problemas?
O Zlatan Ibrahimovic é um grande jogador que sempre me impressionou e me deu trabalho.

Que zagueiro você gostaria de ter à sua frente no sistema defensivo?
Eu não poderia escolher ninguém melhor do que todos aqueles com os quais já joguei.

O que a Juventus representa para você?
Uma vida de sucesso, desgaste físico e envolvimento. Trata-se de uma família onde cresci e a qual ajudei a crescer. É uma escolha de vida, um estilo de vida.

Segundo Andrea Agnelli, a renovação do seu contrato aconteceu com um simples olhar, pois você é "uma pessoa correta" e, "na Juve, está em casa".
É verdade, não há muito mais a dizer. Quando se tem uma sensação boa da outra pessoa, como nesse caso, as palavras já não servem de muita coisa para se chegar a um acordo.

O que passa na cabeça de um capitão de 35 anos quando vê que precisa desbancar meninos de 19 anos na seleção?
Que o tempo passa para todo o mundo. Comecei aos 17 anos e hoje tenho 35. Não tenho como parar o relógio biológico, mas estou completamente tranquilo e isso não me preocupa de forma nenhuma. O futuro será dos jovens. Eu só procuro transmitir a eles a experiência que acumulei ao longo dos anos.

A Itália hoje pratica um futebol mais ofensivo. Isso aconteceu em detrimento do rigor defensivo?
Acho que, graças ao excelente trabalho do Cesare Prandelli, encontramos um equilíbrio entre a consistência defensiva e a ideia de um futebol ofensivo que permita que os nossos grandes atacantes possam fazer melhor a sua função.

A Copa das Confederações pode ser considerada uma prévia da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014?
Dizem que se trata acima de tudo de um excelente ensaio.

Qual seleção você gostaria de encarar na final?
O Brasil, pela sua história e porque desafiar o país-sede nos daria uma emoção particular.

Devemos chamá-lo de capitão ou presidente, já que comprou o Carrarese, clube de sua cidade natal?
Pode me chamar apenas de Gigi.

Por Fifa.com


Criado por Rodrigo Lima